Thursday, October 05, 2006

Por causa dessa coisa de proibição de p2p na poli, hoje eu fiquei tentando achar formas efetivas de bloquear pirataria sem matar a tecnologia como um todo.
Tentei imaginar formas técnicas de autenticar material livre para permitir que apenas material não-pirata transite pela rede. Comecei pensando em utilizar tags como aquelas (machine-readable tags) que a creative commons pode colocar na seção de metadados dos arquivos com informações sobre a licença.

Entretanto, vi que isso rapidamente seria "exploitado" por piratas que aplicariam licenças falsas em arquivos de outrem apenas para poderem entrar na rede.
Depois disso pensei em uma forma de fazer isso usando assinaturas criptográficas e com uma entidade certificadora de materiais de livre circulação.

Seria necessário que essa entidade fizesse a seleção de todo o material que entra em redes p2p e este processo muito dificilmente seria automatizável. Ou seja, seres humanos precisariam colaborar com esta entidade.
Então pensei na possibilidade de usar peer-review, similar ao mecanismo usado em sites como a slashdot para gerar relevância. Obviamente os piratas tentariam burlar o mecanismo marcando material pirata como livre. Entretanto, o sistema iria eliminá-los consistentemente do processo pois os detentores dos direitos autorais destas obrar (ou quaisquer outros bons usuários) iriam denunciar as más contribuições, o que acarretaria na diminuição do karma destes piratas.

ATENÇAO! Esta ainda é uma idéia bruta, recém-concebida, ainda muito pouco lapidada. Pode até mesmo ser uma idéia inocente, mas não deixa de ser uma idéia a ser analisada. Por favor, indiquem-me os eventuais problemas que vcs encontrarem nela e sintam-se à vontade para aprimorá-la.

Wednesday, October 04, 2006


É um absurdo!

Hoje fui informado que no último 29 de setembro o Professor Doutor Ivan Gilberto Sandoval Falleiros, diretor da Escola Politécnica da USP, assinou a portaria interna 942 que, entre outros pontos, proibe o uso de p2p (peer-to-peer) na poli.

Eu, pessoalmente, discordo deste tipo de política que, ao abaixar a cabeça às pressões da indústria de entretenimento, acaba prejudicando usos legítimos da tecnologia.

Concordo com o termo 2 da portaria. Devemos respeitar o direito autoral e a propriedade intelectual. Entretanto, a solução proposta (e, nesta portaria, imposta) para o problema é um retrocesso.

Nas redes de peer-to-peer não trafega apenas material ilegal. Elas são também usadas para distribuição eficiente de arquivos públicos ou cuja licença de uso permite a livre distribuição. Apenas para exemplificar, a comunidade de software livre utiliza redes peer-to-peer para otimizar a distribuição de seus softwares. Veja, por exemplo, esta página do Debian (distribuição GNU/Linux): http://www.debian.org/CD/torrent-cd/

O peer-to-peer possibilita prover as necessidades da comunidade a um custo muito menor do que o de manutenção de servidores de hospedagem de desempenho equivalente.

Vale citar a seguinte analogia: "Não devemos proibir a faca para evitar o esfaqueamento. Devemos, sim, permitir que o cozinheiro use a faca e condenar o assassino."

E como um colega meu observou, percebam também que seria absolutamente possível algum dia aparecer uma portaria proibindo a instalação e uso de scanners pois eles podem eventualmente (mas, lembrem-se, nem sempre!) ser usados para fazer cópias ilegais de livros.

Acredito que o peer-to-peer deve voltar a ser permitido na poli e devemos definir uma alternativa tecnologica para combater a pirataria que não seja danosa àqueles que fazem o uso legal da tecnologia em questão. Além disso, sinto-me na obrigação de alertar as pessoas de outras unidades da USP sobre esta questão para que não permitam que portarias similares sejam-lhes impostas em suas respectivas unidades.